Transplantes



Os transplantes estão entre os procedimentos mais complexos e fascinantes da medicina. A doentes que já esgotaram todas as chances de cura para seus males, hoje é oferecida a possibilidade de substituir, além do coração, rim, fígado, pulmão, pâncreas, intestino, córnea, medula óssea, pele, valva cardíaca, ossos e esclera ocular. Setenta cirurgias do gênero são realizadas todos os dias no Brasil - o que representa um aumento de 10% de 2007 para 2008. Esses números só não são maiores porque, se não bastasse o fato de as doações serem em quantidade insuficiente, o sistema de captação e distribuição de órgãos no país é falho.
Apesar desses problemas, os transplantes salvam todos os anos a vida de cerca de 5000 brasileiros. Indiretamente, no entanto, eles beneficiam um contigente muito maior de pessoas - impossível de ser mesurado. Isso porque, para garantir a sobrevivência dos pacientes transplantados, foi necessário esmiuçar ainda mais o funcionamento do corpo humano, refinar e inventar técnicas cirúrgicas e aprimorar e desenvolver remédios antirrejeição.

Um dos campos que mais lucraram com as conquistas da medicina dos transplantes foi a imunologia, graças ao estudo dos processos envolvidos na rejeição de um órgão. O salto que essa área da medicina deu nas últimas cinco décadas é comparável à passagem da idade da pedra para a idade das luzes.

De todas as contribuições dos transplantes para a medicina, nenhuma é tão fascinante quanto a que deu origem às investigações sobre as células-tronco. Depois da II Guerra Mundial, ao estudare os efeitos da radiação em ratos de laboratório, médicos americanos e canadenses passaram a suspeitar que havia na medula óssea células capazes de regenerar as células sanguíneas destruídas pela contaminação radioativa. A tais células eles deram o nome de primitivas. Veio dos primeiros transplantes de medula, nos anos 60, a comprovação prática de que tal hipótese estava correta. A medula é uma fonte rica em células capazes de regenerar, além do sangue, outros órgãos e tecidos. Estava aberto o caminho para que fossem identificadas as células-tronco, a grande esperança da medicina para a cura dos mais diversos males.

Em que todos os avanços, a rejeição continua a ser o grande desafio da medicina dos transplantes. Os especialistas buscam um composto capaz de evitar a rejeição sem que seja necessário deprimir o sistema imune do paciente. Há também, é claro, a aposta nas terapias com células-tronco. Com elas, chegaria ao fim o problema da rejeição, ima vez que órgãos e tecidos criados em laboratório poderiam ser programados com a genética do paciente. Se tudo der certo nesse sentido, em um futuro não muito distante a medicina deve encerrar um ciclo. As células-tronco, descobertas nas primeiras transferências de medula, devem transformar os transplantes - do modo como conhecemos hoje - em procedimentos do passado.

Para incentivar o aumento de doadores, é fundamental informar o maior número possível de pessoas sobre como esse tipo de cirurgia é capaz de salvar milhares de vidas a cada ano.

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